Casa do outro
Imaginem duas pessoas. Duas casas. E um muro. Cada uma delas vive na sua própria casa. Confortavelmente.
Entretanto, apesar de vizinhas, elas nunca conseguiram ser amigas. Não por odiarem uma à outra, mas simplesmente por não conseguirem conviver juntas. Já tentaram fazer algo juntas, mas o problema é que tanto uma quanto a outra não abriam mão do conforto de sua própria casa. Uma queria que a outra é que fosse na sua casa. E vice-versa. Um dia tentaram buscar uma solução e decidiram se encontrar então em cima do muro. Não preciso nem dizer que esse encontro foi o mais desconfortável que já existiu. E, obviamente, não deu certo.
Muitos de vocês podem estar pensando "que frescas" ou "que chatas", mas tenho certeza que todos nós já fizemos isso um dia. Cada um de nós vive no conforto de nossa casa, de nossas ideias, de nossas opiniões. E as vezes não abrimos mão de nenhuma delas. Mas a verdade é que quando se trata de relacionamentos, tanto amorosos ou apenas entre amigos, sempre alguém vai ter que ceder e ir na casa do outro. Não é possível viver em cima do muro. É claro que você pode levar algo da sua própria casa, aquilo que for mais importante pra você e sem o qual você não viveria. Mas mesmo que você leve uma mochila cheia, lá nunca será a sua casa. E acho que a amizade é exatamente isso: quando um vai na casa do outro e se sente confortável, mesmo sendo tão diferente. É quando um sabe que as opiniões são diferentes e aceita isso naturalmente. Imaginem se todos quiserem impor suas próprias ideias e opiniões. Pois é... Imaginem agora dois amigos seguindo por um caminho e que num determinado ponto precisam decidir se continuam pela direita ou pela esquerda. Um quer ir pela esquerda. Outro, pela direita. E não conseguem então sair do lugar. Se quiserem continuar o caminho juntos, um terá que deixar o egoísmo de lado pra ir na casa do outro. E acho que é assim que funciona.
E, aliás, eu acho que esse caminho é a própria vida. Quantas vezes tomamos caminhos separados por não aceitar a opinião do outro? Pois é... E só de pensar que para nos reencontrarmos de novo as vezes basta apenas uma visitinha.
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